Meu conto "O Segredo do Alquimista", compõe a seleção de 15 autores brasileiros, escolhidos num concurso promovido pela Editora InVerso para a antologia Paralelos - Contos Fantásticos. Confira mais detalhes no link:
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Unha que risca a lousa
Poemas, versos, contos, memórias, histórias e segredos mais ou menos obscuros, literatura e contas de vidro.
quinta-feira, 11 de junho de 2015
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Já leu o conto "Venha ver o pôr do sol", de Lygia Fagundes Telles? Quer saber se ela consegue escapar? Então... leia a continuação da história no meu conto "Crepúsculo Solferino"...
Crepúsculo solferino
(Uma continuação de Márcia
Pfleger, inspirada no conto “Venha ver o pôr do sol”, de Lygia Fagundes Telles)
A tarde estava
silenciosa. Nenhuma criança brincava de roda nos arredores, como da última vez.
Ao longe, casas esparsas e, mais além, alguns casarões antigos, remanescentes
de um tempo de glória da região, que há muito havia terminado.
Ricardo caminhava
vagarosamente. Mas não andava à toa, como quem passeia aproveitando a erma
quietude do lugar. Tinha destino certo.
Chegou ao grande
portão do imenso cemitério abandonado. “Vivos e mortos, desertaram todos, meu
anjo”, lembra ter dito a Raquel. De fato, as lápides rachadas, cobertas pela
hera, denunciavam que o cemitério fora desterrado ao esquecimento: essa morte
que é maior que a própria morte.
O dia estava
abafado e um vento lúgubre agitava as árvores, parecendo sussurrar mensagens
fúnebres. Ricardo avançava para o interior do cemitério, seus passos ecoavam
estranhamente no cascalho. Por um momento pareceu indeciso. Percorreu com os
olhos a imensidão dos túmulos em ruínas, a tristeza dos mausoléus que se
recortavam contra o céu gris. Reconheceu o caminho e, bem devagar, recomeçou a
andar, a cabeça baixa, os olhos apertados.
Um frêmito
nervoso percorreu-lhe o corpo quando avistou a capela. Ali embaixo, na
catacumba secular, há mais de um ano, trancara a amante infiel. Como estaria o
corpo?, pensou tomado de uma excitação mórbida. Ricardo não fazia ideia do que
sobrava de uma pessoa após um ano de sua morte. Ele teria desejado voltar lá
antes, bem antes, enquanto Raquel estivesse moribunda, frágil, já sem um pingo
de arrogância. Então, então ele lhe falaria de seu imenso amor, de como ela
havia destruído seus sonhos, de como ela merecia expiar essa pena tortuosa...
Mas não podia. Muito arriscado. O marido a procurava, a polícia, com certeza,
havia dado uma busca pelo desaparecimento. E, se por um acaso remoto, a
descobrissem? E se ele estivesse lá? Não. Muito arriscado. Corria um boato
sobre transformar as velhas edificações e outras ruínas do local em patrimônio
histórico. Não lhe agradava a ideia de que outros quebrassem aquela paz,
profanassem o que estava fadado a permanecer no esquecimento. E se entrassem na
velha capela, e se descessem as escadas fantasmagóricas da catacumba? E se o
interrogassem?
Ele fora
impecável. Ninguém jamais descobriria. Ninguém o conhecia nas redondezas.
Convidara Raquel “um último encontro, por favor”, e ela viera escondida de tudo
e de todos. “Vou lhe mostrar o mais belo pôr de sol de sua vida”, prometera.
Viera sozinha, pousando os pés incautos sobre uma teia invisível de aranha.
“Este é o local que você gostaria de me mostrar?”, zombara ela quando entraram
no cemitério. Ela sempre zombara dele, lembrou com raiva. Zombara de seu amor,
de sua paixão, trocando-o por outro homem. “Ele é riquíssimo”, contara para
espezinhá-lo.
“Venha ver,
Raquel, aqui nas catacumbas”, dissera-lhe naquela tarde, apontando o retrato em
uma das gavetas fúnebres. “É incrível como ela tem os seus olhos, Raquel”. E a
tola – pensou -, curiosa como o são
todas as mulheres vaidosas, foi descendo, um a um, os degraus de seu destino...
Então, no momento em que ela se inclinava à luz do fósforo para olhar o retrato
amarelado da defunta, Ricardo trancou a porta gradeada, encerrando-a para
sempre no interior do mausoléu. “Há uma
frincha na porta, meu anjo. Por ali, você verá o pôr de sol mais belo de sua
vida”, disse na despedida.
Os gritos de
Raquel ainda ecoavam na lembrança: primeiro, aterradores, embrutecidos; depois,
distantes, quase ausentes; finalmente, na entrada do cemitério, apenas o
fantasma de um lamento. Seria o vento nas árvores que trazia esse som de
precipício? A cantiga de roda das crianças continuara...
Parou em frente à
capela. Só para se certificar, correu a vista ao redor: não havia ninguém.
Tateou o bolso e retirou nervoso o molho de chaves de onde balançavam um
cortador de unhas, um canivete e, entre outras, a chave que buscava. Uma chave
nova, da fechadura que dava acesso ao lôbrego recinto.
Abriu as portas da
capela, cobrindo parte do rosto com a gola do blusão, prenunciando miasmas
putrefatos. “O que sobrou de você”, murmurou com rancor.
Estava escuro,
bem mais escuro que da última vez, pois a tarde, então, era ensolarada e não
tinha esse aspecto cinzento, de luto verdadeiro. À direita do altar, na semi
obscuridade, a grade que levava às sepulturas parecia inalterada. Um pensamento
louco, contraditório, nascido de uma tênue esperança, ocorreu-lhe: “E se
estivesse viva?”... É claro que não. Se resistira ao terror da situação, mesmo
assim, não teria sobrevivido mais que poucas semanas. Nada de água. Nada de
comida. Nada de luz. Sepultada viva.
Girou a chave e
lentamente empurrou a porta enferrujada. Desceu apenas o primeiro degrau e
esperou que seus olhos se acostumassem à quase completa escuridão. Aos poucos,
começou a distinguir contornos, formas, detalhes. Lá embaixo, em um canto,
finalmente os olhos encontraram, com terror, o que procurava. Então, um remorso
agudo rasgou-o ao meio! “Raquel”, gemeu. Dobrando os joelhos, Ricardo chorou
convulsivamente.
Eram gritos
desesperados, inumanos...
************
Alguns dias mais
tarde, a milhares de quilômetros dali, a mulher jogou o jornal sobre a cama.
Estava tudo consumado, pensou. E deu um sorriso. Embora o marido a tratasse com
mimos, enchendo-a de compensações, Raquel já estava sentindo que viver na
Europa estava sendo mais entediante do que previra. Agora, poderia voltar.
O marido a
achava, às vezes, estranha, ausente. Desde aquele misterioso assalto, há mais
de um ano, a esposa costumava entrar num estado em que parecia totalmente
ensimesmada. (Nem o passeio de duas semanas ao Oriente a tinha feito esquecer o
trauma). Em tais momentos, Raquel tornava-se pensativa e, nesses devaneios,
seus olhos verdes se escureciam, denunciando um brilho cruel.
É claro que era
cruel, sempre o fora. Não era a isso que devia tudo o que tinha conquistado,
não era a isso que devia, até mesmo, a própria vida? Não fora esse laivo de
impiedade que lhe deu a coragem? Não fora, sustentou Raquel para si mesma, esse
desprezo pela fraqueza – tanto alheia quanto própria – que a salvou?
Ah, como havia
sido ingênua, tola mesmo, ao aceitar aquele convite. Um psicopata! E o pior:
como foi que chegara a ter, veja só, um romance com ele! Bem fizera trocando-o
por outro, menos debiloide e, além de tudo, milionário.
As sombras
daquele cemitério ainda pairavam em seus olhos. Só a perspectiva de que Ricardo
pôde ser capaz de desejar-lhe tanto mal, tanto, tanto, causava desconforto.
Mas, agora, estava tudo consumado. Recostou-se no parapeito da janela de onde
vislumbrava o mar e rememorou tudo minuciosamente. Ela fora perfeita.
Fechou os olhos e
se viu novamente na velha escada da catacumba. Pela fenda da porta da capela, a
luz irisada desaparecia, os últimos vestígios de luz. A garganta doía-lhe de
gritar e um tremor de pânico se espalhava pelo corpo, como se mil tarântulas
lhe percorressem as veias. Por um instante, pensou desfalecer. Agarrada às
grades enferrujadas da porta, recusava-se a descer onde repousavam as criptas.
Logo, ela seria mais uma naquela multidão de cadáveres do velho cemitério.
Mesmo sabendo ser
inútil, ainda tentou sacudir as antigas grades, onde a fechadura nova, trocada
por Ricardo, reluzia nos últimos respingos de luminosidade. Passou a noite
ajoelhada e agarrada às grades. Com desalento, recordou que ninguém sabia onde
estava. Ninguém jamais poderia imaginar. Ninguém jamais a ouviria gritar.
Ninguém entraria no velho cemitério.
Num instante, a
escuridão ficou absoluta. Aqui e ali, aterrorizada, escutava ruídos. Nenhum
lugar é completamente silencioso à noite.
Já chorara várias
vezes e, ansiosamente, suplicantemente, aguardava a chegada do dia, quando
teria ao menos um pouco de luz para enxergar, sem que a imaginação projetasse
horrores na escuridão.
Nauseada, vomitou ali mesmo, no alto da escada, e a
exaustão que isso causou lhe trouxe até certo alívio. Depois, recostou a cabeça
na grade, resignada, já sem forças. Apenas esperava a manhã.
Quando o céu foi perdendo o negrume e adquiriu
aquele tom de azul que permite certa visibilidade, percebeu que a aurora se
aproximava. Uma réstia de luz passava pela frincha da porta. Imbuída de novo
alento, outra vez sacudiu as grades, várias vezes, diversas vezes. Com as mãos
em forma de garra, tentava puxar a fechadura, em vão.
Foi quando seus olhos, involuntariamente,
sutilmente, deslizaram apenas um pouquinho, um átimo à direita da fechadura.
Então, voltaram... vagarosos, criteriosos, estudando a possibilidade. Raquel
deu um passo atrás, a respiração em suspenso. Olhou da fechadura nova ao velho
caixilho engastado nas paredes de taipa e pedras. As pedras eram pequenas,
ovaladas e, talvez, algum dia tivessem sido brancas. Agora eram escuras,
manchadas, com fungos proliferando em algumas partes.
Quanto mais examinava, mais a ideia fazia sentido.
Remexeu afoitamente a bolsa à procura de algo apropriado. Foi adivinhando o
pente, as luvas, os cigarros, os óculos de sol, a carteira, os fósforos (pegou
os fósforos), um batom e, então, no fundo da bolsa, achou a caneta de metal.
Presente elegante de uma amiga (nunca pensou que seria tão útil). Acendeu um
fósforo e examinou com os dedos delicados o caixilho e a parede. Quase os
acariciava, enquanto os olhos sondavam a expectativa. Enrolando a suave echarpe
de seda em torno das mãos, começou a apunhalar devagar o sutil espaço entre o
caixilho e a parede. Enfiava a caneta nos ângulos, como se quisesse rasgar o
estuque, golpeava com firmeza, os cabelos em desalinho, os dentes cerrados.
No começo, pareceu-lhe que nada acontecia. A parede
mostrava-se sólida. Com o tempo, aos poucos, um pedacinho começou a esfarelar.
Raquel estava totalmente concentrada, totalmente presente no que fazia. Ao
notar os progressos da empreitada, chegou mesmo a sentir certo prazer naquilo
tudo.
Súbito, a caneta entortou e as costas das mãos se
arranharam nas grades sujas. Começou o trabalho novamente, porém ficara mais
difícil; com a ferramente deteriorada, as pedras pareciam irredutíveis. Bateu,
bateu, bateu (as mãos já sangravam). Caiu no choro e esfregou o rosto com as
mãos feridas. Após um momento de autopiedade, o gosto do sangue na boca deu-lhe
novo ânimo, revitalizando-a como se fosse uma vampira.
“Calma, Raquel”, disse a si mesma. Recomeçou com
calma, calculando cada golpe. Começou a fazê-los um sobre o outro, em um mesmo
ponto, até que sentisse a taipa voltar a esfarelar.
Cerca de duas horas depois, conseguiu fazer um
pequeno buraco por onde enxergava a lingueta cintilante da fechadura. Aproximou
os olhos do buraco para observar o caixilho. Tratava-se de uma moldura
inteiriça, com uma fenda retangular no meio, por onde passava a tranca. A fenda
era um pouco maior, delatando que a antiga fechadura (a original) era mais
robusta. Isso dava uma pequena folga à porta, evidente quando a chacoalhava.
Escavou mais um pouco, (a testa úmida de suor),
mais ainda, até que a tranca ficasse à mercê de seu vandalismo. Respirando com
júbilo, acendeu um fósforo e desceu à catacumba. Olhando para o chão, encontrou
o que precisava: um pequeno pedaço de ruína, uma pedra que cabia inteira na
palma da mão.
Subiu as escadas e com vigor golpeou a pedra no
caixilho enegrecido. Viu que não ia ceder. Uma ratazana passou correndo por
entre suas pernas. Raquel levou um susto. Num canto, viu os olhos miúdos do
roedor brilharem. Certeira, esmagou-o dando várias estocadas com a pedra,
descarregando toda sua frustração. O animal guinchou.
Quando se voltou, ofegante, para o caixilho
percebeu: poderia entortá-lo com força no sentido do pequeno espaço cavado na
parede! E assim fez, golpeando metodicamente com a pedra. O trabalho era lento,
o ferro frio é difícil de malhar. Teve a ideia de esquentá-lo, fazendo uma
pequena labareda com alguns cartões que estavam na carteira, gastando quase
todo conteúdo da caixa de fósforos. Teve
resultado...
Finalmente (as mãos doíam), terminou. A tranca da
fechadura poderia passar pelo caixilho violado. Tentou abrir, mas não pôde!
“Vamos, estou quase saindo”, instigou. Raquel sacudiu violentamente a porta
meio desconjuntada. “Se a suspender um pouco, quem sabe...”. Então, com uma
sensação de regozijo, conseguiu. Estava livre!
Abriu devagar a saída do cárcere macabro.
Encaminhou-se à porta da capela, perto das janelinhas empoeiradas, “já
amanheceu...”. Girou o trinco e esta não estava trancada. Tão infalível Ricardo
achara seu plano, que nem se dera o trabalho de trocar a fechadura desta!
Num longo hausto respirou o ar da liberdade. Ah,
quão sutil é a linha entre a vida e a morte! Às vezes, um pouco de determinação
e astúcia podem fazer toda a diferença.
Só neste momento Raquel se deu conta de que estava
com sede – mas isso não era importante agora. Ao lusco-fusco percorreu depressa
a via de cascalho que levava ao portão do cemitério. “Escapei, maldito”, pensou
com fúria e alegria. Mas... e se ele voltasse? Estacou. E se descobrisse que
fugira? E se Ricardo começasse a persegui-la para terminar o intento assassino?
Não, Raquel não poderia chamar a polícia, não poderia contar a verdade – o
marido, ciumentíssimo, iria querer satisfações do porquê fora se encontrar às
escondidas com o ex-amante.
Começou a pensar. Ou melhor, a idealizar. Ao esposo,
diria que tinha sido assaltada e largada em um lugar distante. A pretexto de
trauma, pediria-lhe para não envolver a polícia e nem tocar mais no assunto.
Quanto ao seu algoz... ah, Ricardo teria uma grande surpresa!
Olhou ao redor, o lugar era mesmo deprimente e
assustador. Lápides em ruínas, mármores partidos, tudo, tudo abandonado. Mas,
tinha tempo. Ainda mal amanhecera...
Com uma cruz de ferro caída de um túmulo dirigiu-se
novamente – assombrada com a própria audácia – para os fundos do sinistro
cemitério. “Acho que será um bom instrumento para o que preciso fazer depois”,
pensou.
A primeira coisa seria desentortar o caixilho,
recolocar a tranca no lugar e os pedaços de estuque na parede. Tinha certeza de
que Ricardo voltaria, afinal o vira guardando as chaves. A porta deveria
parecer inviolada. Deixaria na catacumba algumas coisas, entre elas, a bolsa
(sem dinheiro e documentos, é claro), o que serviria também de álibi para o
“assalto”. Então, ao encontrar o que precisava em um dos túmulos quebrados do
cemitério, arrumaria tudo, impecavelmente. A vingança seria perfeita.
- O que está fazendo, querida?
Raquel abriu os olhos. Um crepúsculo esplêndido,
solferino, a surpreendeu. A voz do marido a trouxera de volta ao presente.
- Estou admirando o pôr do sol, sorriu enigmática.
O esposo a abraçou e ficaram juntos a contemplar o
horizonte matizado, os barcos que navegavam ao longe, sentindo a brisa marinha
acariciar o rosto, em completa paz.
Sobre a cama, a página aberta de um jornal
brasileiro trazia uma estranha notícia... Em um ermo vilarejo, dentro de um
antigo cemitério abandonado, fora encontrado um homem – morto recentemente. Ao
lado do seu corpo estavam uma bolsa e uma echarpe apodrecidas, que não tinham
identificação. Mas o que realmente intrigava, eram as circunstâncias insólitas
do suicídio. Os peritos tentavam desvendar um mistério: por que o homem se
matara, cortando os pulsos, abraçado apaixonadamente a um cadáver centenário...
Marcia Pfleger
(Dossiê Woolfiana 2 - Mulheres Escritoras do Século XX e XXI, compilado por Mauro Scaramuzza Filho, para a UFPR)
domingo, 16 de novembro de 2014
Sobre insights e óculos
O insight é um solavanco na alma. A gente fica abrupta... Tinge sabor de novidade sobre o que é velho, obsoleto, caduco. Chuta o edredon à noite e nos acorda na frialdade – para nos mostrar que estávamos dormindo. Depois, é tomar café sem pressa, esmerilhados no assombro.
Aí, se faz um pacto de ficar mais ligado, porque o algo revelado de si mesmo era memorável ou era abominável, porém nunca enfadonho. Em todo caso, era igual aos óculos na nossa cara de perpétua procura: o tempo todo ali, e só no de repente a gente se dá conta do nariz...
(Marcia Pfleger)
domingo, 2 de novembro de 2014
Poliglotia
Explicaria de novo qualquer bagatela
se entendesses mil idiomas
e mais o esperanto
Explicaria o por que não.
Ou pediria socorro com as mãos
se compreendesses código morse
Tua carência
de encontro à minha carótida:
haja paciência
Se ao menos conhecesses um jargão
em linguagem de libras...
entenderias mais um cêntuplo
e, talvez, poesia
Não me responsabilizes pela criptografia
de que certas naturezas são pardais
Outras, aquilinas
Não me culpes por teu arrebatamento
Se passaste por estas asas, minhas palavras,
numa hora de rapina...
(Marcia Pfleger)
domingo, 12 de outubro de 2014
SOBRE AMIGOS IMPERFEITOS
Eu tenho tantos amigos imperfeitos, que nem poderia contar. Cada um - e aí me incluo - tem sua ranzinzice, manias, esquisitices, defeitos... E cada um eu adoro de paixão, sendo como são, exatamente dessa maneira! E rimos, nos divertimos, discutimos, ficamos de bico, gesticulamos, fazemos planos, viajamos (nas férias ou na maionese), nos encontramos e nos abraçamos tocando um o coração do outro. Você pode contar com eles, sempre.
Em compensação, tenho também uma porção de "meio-amigos" perfeitos, que são o suprassumo das virtudes... São absolutamente infalíveis, irretocáveis e irreparáveis em tudo. Festa de confete um no outro e tiro ao alvo (alvo nos de fora) são seus esportes preferidos... Não, você não os vê com frequência. Aliás, só terá notícias deles se estiverem precisando de você para alguma coisa... Mas, você pode contar com eles se for na base do escambo. No mais, eles permanecem ao longe, sempre os mesmos, às tampas fechadas,dentro da mesma panela.
Enquanto isso, na Sala de Justiça... conheço mais e mais amigos imperfeitos dos meus Superamigos imperfeitos e a gente foi tomar aquele chopp na esquina, confessarmos as verrugas e rir de nossas faltas.
(Marcia Pfleger)
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
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